quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mais 'leves', Tata e Murtosa não se importam com posto de coadjuvantes

montagem: Táta e Murtosa 
Tata e Murtosa são companheiros fieis de Muricy e
Felipão
 
Eles são os opostos de seus pares. Enquanto os comandantes têm como característica o jeito durão, eles são mais leves. São leais e fieis também. Acompanham seus parceiros pelo Brasil e o mundo. E na noite desta quarta-feira, quando Fluminense e Palmeiras se encontrarem no Maracanã pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro, Mário Felipe Peres, o Tata, e Flavio Teixeira, o Murtosa, serão mais uma vez coadjuvantes do duelo entre Muricy Ramalho e Luiz Felipe Scolari. E sem reclamarem da situação.

Parceiros há mais de dez anos, Muricy e Tata se encontraram pela primeira vez ainda na adolescência, quando rivalizavam nas peladas dos campinhos da Zona Sul de São Paulo. Em lados opostos nas partidas, os dois se separam depois de seguirem carreira como profissionais. Só se reencontraram Clube Atlético Indiano, onde ex-jogadores participavam de peladinhas, nos anos 90. Em 1999, trabalharam juntos pela primeira vez. E começaram uma parceria de sucesso, principalmente no São Paulo, onde conquistaram três títulos do Brasileiro.

- Nós jogávamos contra, na época tínhamos uns 14, 15 anos. Depois cada um seguiu sua vida. Ele foi para o São Paulo, para o México, eu fui para o Juventus, o Santos, e nos encontrávamos como adversários. Ficamos muito tempo sem nos vermos, até que, no fim da carreira, nos juntamos para jogar no Clube Atlético Indiano. Voltamos a ficar amigos. Em 99 fui contratado para ser dirigente da Portuguesa Santista e o chamei para ser treinador. Só não estivemos juntos no Náutico (2001/02) – relembrou Tata, auxiliar de Muricy Ramalho no Fluminense.

Muricy Ramalho no treino do Fluminense 
Muricy (foto)  tem Tata como companheiro há 11 anos
 
Tata tem um jeito diferente de Muricy, técnico do líder do Brasileiro. Enquanto o treinador tem um jeitão mais linha dura, o auxiliar é mais do afago. Quando o comandante fala mais grosso com um atleta, o seu escudeiro aparece para aliviar a pressão e explicar as coisas com mais calma.

- Mas ele também é legal, brinca e ri muito, até dele mesmo. Todas as pessoas que convivem com o Muricy gostam dele pelo senso de justiça que tem. Pode errar, mas não é injusto - defendeu Tata.

No lado palmeirense, Murtosa também é o bombeiro de Felipão. De jeito divertido e bom de papo, o auxiliar do treinador alviverde foi quem tomou a iniciativa da parceria, em 1983. Depois de se enfrentarem pelos gramados do Rio Grande do Sul - Murtosa como meia-direita e Scolari como zagueiro - , eles se reencontraram no Brasil de Pelotas.

Murtosa foi chamado para assumir como técnico, mas não aceitou e indicou o atual parceiro. No início, houve desconfiança por parte de Scolari. Foram mais ou menos 15 minutos de cara amarrada, até que uma conversa fez com que os dois acertassem os ponteiros.

- Fomos jantar com um diretor, e o Felipão perguntou se eu não queria ser o treinador. Aí contei que a indicação para que ele assumisse o time tinha sido minha. Eu sou formado em Educação Física, fui preparador e já tinha sido treinador, mas não queria naquele momento. Depois disso as coisas ficaram melhores entre nós - contou.

Os 27 anos de parceria só foram interrompidos entre 1993 e 1996. Depois de uma temporada no Oriente Médio com Felipão, Murtosa resolveu comprar umas terras e virar fazendeiro. Se arrependeu um ano depois, mas levou dois para se render totalmente ao convite do amigo para juntar-se a ele no Grêmio.

felipão murtosa palmeiras treino 
Felipão e Murtosa já levantaram título até com a
Seleção Brasileira
 
A mudança para o Palmeiras, em 1997, também teve o dedo do auxiliar. Depois da passagem pelo tricolor gaúcho, Felipão teve um breve contato com o futebol japonês - ficou seis meses no Júbilo Iwata. Enquanto se aventurava na Ásia, Murtosa ficou com a missão de esperar o contato dos clubes brasileiro que procurariam por Scolari. Flamengo, Corinthians e Palmeiras procuraram pelo treinador.

- Eu fiquei acompanhando os campeonatos. Quando ele falou que voltaria do Japão, sabia a situação de todos os clubes. Sugeri o Palmeiras porque o time estava passando por uma reformulação e ele poderia montar um time novinho - comentou Murtosa, que gaba-se de falar com Felipão pelo olhar.

O sucesso conquistado no Palmeiras - foram títulos da Copa do Brasil, Libertadores e Mercosul – foi repetido na Seleção Brasileira, onde eles levantaram o pentacampeonato mundial. Sucesso que Muricy e Tata estiveram perto de sentir, quando o treinador foi convidado para assumir o time nacional, mas acabou esbarrando no desejo do Fluminense de que o contrato não fosse quebrado.

- O pensamento dele é mais ou menos como o meu. Divergimos em pouquíssimas coisas, mas no futebol pensamos igual. Quando ele decidiu que não ia porque o Fluminense não liberou, as coisas ficaram conturbadas. Foi uma opção dele. Ele queria ir, o maior sonho de todo treinador é trabalhar na Seleção Brasileira.

Sonho que Muricy ainda persegue e que Tata deseja ver, como coadjuvante. Assim como Murtosa fez com Felipao.

Fonte: Globo.com
Marivaldo Lima

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