domingo, 6 de fevereiro de 2011

Corintianos x palmeirenses: duelo sem rivalidade e letras no Nordeste

Time Palmeira de Goianinha (Foto: Eugenio Dantas / Divulgação) 
Time Palmeira de Goianinha em frente à casa que serve de alojamento
 
Neste domingo, às 17h (de Brasília), no Pacaembu, tem clássico entre Palmeiras e Corinthians, pelo Paulistão. Mas isso muitos fãs de futebol já devem saber. O que muito menos gente sabe é que também neste domingo, no mesmo horário, tem um jogo quase homônimo no Campeonato Potiguar. Em Caicó, no interior do Rio Grande do Norte, o Corintians recebe o Palmeira de Goianinha, pela terceira rodada do estadual.

As duas equipes do futebol potiguar são inspiradas nos gigantes paulistas, é verdade. Mas um detalhe na grafia dos nomes dos clubes os torna um pouco diferentes dos seus “irmãos mais velhos”. O Corintians de Caicó, por exemplo, não tem o H da “matriz” paulistana. A explicação quem dá é François de Araújo Fernando, supervisor de futebol do time alvinegro.

- Foi uma questão ortográfica mesmo. O primeiro presidente achou que era melhor sem o H, pra deixar mais brasileiro. Inclusive, o fundador era corintiano e viu isso como uma forma de homenagear o clube do coração. Nasceu em uma palhoça, e hoje é um clube bem respeitado, na parte social e no futebol – contou o supervisor François, de Caicó, a 269 quilômetros da capital Natal.

A história do nome do Palmeira de Goianinha não tem nada a ver com brasilidade. Foi um erro mesmo na hora de redigir o estatuto e registrá-lo. - O clube nasceu em junho de 1959 em alusão ao Palmeiras de São Paulo. E era para ser Palmeiras mesmo, com S. Só que na hora do registro do estatuto houve um erro de digitação e saiu sem o S. Mas temos escudos do Palmeiras pela sede e nosso uniforme também é verde e branco – declarou Claudio José Freire, presidente do time de Goianinha, a 60 quilômetros de Natal.

Depois de duas rodadas do Campeonato Potiguar, o Palmeira de Goianinha aparece na segunda colocação, enquanto o Corintians está no sexto lugar. E diferentemente do que acontece no original Palmeiras x Corinthians, o duelo do torneio do Rio Grande do Norte é bem mais modesto. Até porque a folha de pagamento do Alviverde é de R$ 30 mil e a do Alvinegro de R$ 40 mil. Bem diferente dos milionários Verdão e Timão.

Corintians (Foto: Divulgação) 
Corintians de Caicó posa para fotos antes de jogo pelo campeonato estadual 
 
Corintiano no Palmeira? Palmeirense no Corintians?
Uma situação dessas pode até soar estranho aos ouvidos dos fanáticos torcedores de Timão e Verdão, mas no Palmeira e no Corintians do Rio Grande do Norte é a pura realidade. A equipe de Goianinha, inspirada no Palmeiras, tem dois corintianos no elenco, assim como o time de Caicó, criado em homenagem ao Corinthians.


 Julio Palmeiras Corintians (Foto: Divulgação) 
Júlio Palmeira: palmeirense no Corintians
Na equipe alviverde, os torcedores do Timão são o zagueiro Zig e o atacante Galeguinho. Mas eles não se sentem incomodados em vestir verde e branco. - Não tem essa aqui não. Sou corintiano, sim, mas tenho de honrar a camisa do Palmeira de Goianinha, que é o meu clube – falou Zig, de 32 anos.

- Também sou corintiano, mas não tenho acompanhado muitas notícias do clássico. Estou ligado no Campeonato Potiguar – declarou Galeguinho, de 23 anos. No Corintians de Caicó há uma história bem curiosa. O zagueiro Julio Palmeira, além de ter o verde e branco no sobrenome, é um fervoroso torcedor do Verdão.

- Olha, aqui tem dois corintianos que consegui localizar no elenco, mas o caso mais curioso é do nosso zagueiro titular, Júlio Palmeira. Ele é palmeirense mesmo, não é só no sobrenome. Torce pro Flamengo no Rio, e pro Palmeiras em São Paulo. Torce, e torce muito. Mas é revelado aqui no Corintians, tem que ser profissional – contou o supervisor François de Araújo Fernando. Ainda não há rivalidade entre as equipes. Até porque esse é o primeiro ano do Palmeira na primeira divisão do futebol do Rio Grande do Norte.

Prefeituras dão fôlego aos clubes
Diferentemente dos elencos milionários de Corinthians e Palmeiras, os xarás do Campeonato Potiguar têm uma rotina bem diferente. Com salários bem baixos e pouca estrutura, ambos só conseguem se manter porque as prefeituras de Caicó e Goianinha dão uma força. E também porque há outros patrocinadores.


Sede do Palmeira (Foto: Eugenio Dantas / Divulgação) 
A modesta sede do Palmeira de Goianinha

(Foto: Eugenio Dantas / Divulgação)
- A folha hoje é de R$ 40 mil reais, e o maior salário é de R$ 2 mil, uns dois ou três jogadores recebem isso. Sofremos muito para arrumar patrocínio, é a prefeitura que ajuda a pagar parte da folha e também banca as refeições. Todo ano temos dificuldades. Alguns torcedores abnegados também ajudam, cada um paga 100 reais por mês e tem entrada garantida em todos os jogos – explicou François.

No Palmeira de Goianinha, a história é a mesma, como conta o presidente Cal, que antes de se tornar dirigente era jogador do clube. - Nosso maior patrocinador é a prefeitura. Temos outros colaboradores, mas é o município que nos dá a maior parte. Hoje nossa folha é bem modesta, em torno de R$ 30 mil, contando jogadores e comissão técnica – falou o presidente alviverde.

Messi, a estrela de Goianinha
Recentemente, a cidade potiguar foi lembrada por conta da história de Messi, goleiro do Palmeira. No ano passado, com o clube ainda na segunda divisão do estado, Jamerson, seu nome de batismo, assumiu a homossexualidade.


- Quando era mais novo, não fazia amizade, nem gostava de comprar coisas para mim. Era muito preso aqui dentro (aponta para o coração). Depois que eu assumi, tudo mudou. Agora, quando não atrapalha os treinos, vou para todas as festas da região. Gosto de sair com as minhas blusas coladas, calças da moda e meus brincos. Para enfeitar mesmo. E, se eu não fosse goleiro, gostaria de ser dançarino de forró. Adoro dançar – disse Messi em outubro, ao GLOBOESPORTE.COM.

Titular absoluto do Palmeira na primeira divisão, Messi está tão empolgado com a atual fase do time que nem se lembra de Palmeiras e Corinthians.
- É nosso primeiro ano na elite e estamos em segundo lugar. Nem estou sabendo de clássico em São Paulo. Quero me concentrar para o jogo que temos no domingo, em Caicó, contra o Corintians – comentou o goleiro.

A equipe de Messi, aliás, chega como favorita para o duelo. Até porque venceu seus dois primeiros compromissos, enquanto o time de Caicó empatou duas vezes. Em São Paulo, o Verdão, líder do Paulistão, também é favorito diante do Timão, recém-eliminado da Libertadores e em profunda crise.

Fonte:Globo.com
Marivaldo LIma

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