sábado, 30 de janeiro de 2010

Antes do clássico, Felipe lembra: ‘O torcedor já está cansado de não ganhar’

Felipe é sempre o primeiro jogador do Corinthians a entrar em campo. Por ser goleiro, seu aquecimento no gramado começa antes. E quando o jogo é no Pacaembu, ele sempre escuta a torcida gritar o seu nome empolgada. Mas o jogador, de 25 anos, ainda não se considera um ídolo. Só ganhando a Libertadores ele acha que vai deixar seu nome para sempre na história alvinegra. Acabar com o jejum de três anos e três meses sem vitória sobre o Palmeiras, porém, pode ser também um bom motivo.

- Ficar tanto tempo assim sem superar um rival é ruim. Dos grandes aqui de São Paulo é o único que ainda não consegui vencer. O torcedor já está cansado de não ganhar deles. E nos cobra na rua. Vamos ter agora essa nova oportunidade de quebrar esse tabu - declarou o goleiro.

Nelson Coelho/Diário de São Paulo

Felipe é titular do Corinthians desde maio de 2007, mas teve afastamento rápido em junho de 2008

Dono de personalidade forte e sem medo de deixar claro o seu ponto de vista, Felipe aceita falar de tudo. Assediado por alguns clubes na última janela de transferências para Europa, ele permaneceu. E mais: afirma que jogar fora não é uma obsessão.

- Jogar fora do país não é uma obsessão para mim. Eu não fico pedindo para sair a cada vez que a janela de transferências abre - comentou o defensor.

Confira abaixo a íntegra da entrevista exclusiva com o goleiro corintiano. O camisa 1 fala também sobre os piores e melhores momentos no Timão, de transferência para Europa, da relação com Mano Menezes e também do preparador de goleiros Mauri.

De maio de 2007 para cá, você já fez 172 jogos pelo clube e é um dos que mais atuaram na era Mano Menezes. Já se considera um ídolo corintiano?
Eu acho que um ídolo precisa fazer alguma coisa que realmente marque a sua passagem pelo clube. Para eu ser esse ídolo, ainda falta um pouco. Estou perto dos 200 jogos pelo Corinthians, tenho três títulos, mas sempre tem aquela galera do contra, que critica. Mas acho que se eu ganhar a Libertadores com esse grupo, até os que não gostam de falar bem vão ter de falar. Meu nome ficará marcado para sempre.

Depois de tanto tempo como titular, você acha que falta reconhecimento?
Não acho que falta reconhecimento, mas as pessoas crucificam demais. Todo mundo está sujeito a errar, mas o goleiro não pode falhar em nenhum momento. Eu trabalho para errar o menos possível, mas às vezes acontece. O problema é que tem goleiro que tem falhas até mais feias do que as minhas e não é tão criticado como eu sou. Mas é claro que sempre tem as críticas construtivas. E essas eu aproveito.

  • Aspas Se algum outro goleiro for contratado pelo Corinthians, vai ter de ralar muito para me tirar"
Nesse período em que está como titular do Corinthians, o que você passou de melhor com a camisa alvinegra e o que passou de pior?
De melhor, sem dúvida, foi a temporada passada, na qual conquistamos dois títulos importantes: o Paulistão, de forma invicta, e a Copa do Brasil, que era o nosso sonho naquele momento. O rebaixamento foi ruim, mas eu ainda consegui sair ileso das críticas e o pessoal reconheceu o meu esforço. O pior momento mesmo foi depois da derrota na final da Copa do Brasil de 2008 (para o Sport Recife). Eu fui eleito praticamente o único culpado do time titular, fui afastado... Ninguém lembra que para chegar à final eu defendi o pênalti da classificação (contra o Botafogo, na semifinal, Felipe foi o herói).

Você já teve a oportunidade de vencer clássicos contra Santos e São Paulo, mas o tabu contra o Palmeiras continua, já que a última vitória foi em outubro de 2006. O rival deste domingo, no Pacaembu, está engasgado?
Ficar tanto tempo assim sem superar um rival é ruim. Dos grandes aqui de São Paulo é o único que ainda não consegui vencer. O torcedor já está cansado de não ganhar deles. E nos cobra na rua. Vamos ter agora essa nova oportunidade de quebrar esse tabu.

A Libertadores é o grande objetivo do Corinthians na temporada, o grande sonho. Depois dessa disputa, você sonha com transferência para Europa?
Jogar fora do país não é uma obsessão para mim. Eu não fico pedindo para sair a cada vez que a janela de transferências abre. Vou para quatro anos no Corinthians e tenho conquistado títulos aqui. Tenho contrato até maio de 2011 e se a diretoria me procurar para renovar por mais cinco anos, eu renovo. Estou feliz no clube.

Você ficou chateado quando surgiram boatos de que o presidente Andrés Sanches estava em contato para repatriar o Dida, hoje no Milan?
Não fico chateado, não. Da mesma forma como não me empolgo quando dizem que tem três times europeus atrás de mim. Se algum outro goleiro for contratado pelo Corinthians, vai ter de ralar muito para me tirar. Eu me dedico todos os dias para estar bem e todos no clube saberem que quem vier tem de brigar para ser titular.

Em 2007, ano do rebaixamento, você viu o Corinthians ir ao fundo do poço. Imaginava que em tão pouco tempo o time iria se reerguer e ainda contratar estrelas como Ronaldo e Roberto Carlos?
Não imaginava que fosse ser tão rápido assim. Quando caímos para a Série B foi um desespero. Não sabíamos que time iria jogar em 2008. Aí veio aquele pacotão, com mais de 15 jogadores. E no ano seguinte já veio o Ronaldo. Nunca pensei que eu pudesse jogar com ele. Na verdade eu só acreditei mesmo quando o vi no vestiário, ao meu lado. E depois que o Corinthians o contratou, eu acredito em tudo. Por isso quando falaram do Roberto Carlos eu tinha certeza que também seria contratado.

O grupo do Dunga para a Copa do Mundo está praticamente fechado. Mas e para depois do Mundial, você acha que é o seu momento de ir à seleção?
Para esta Copa agora o grupo realmente está fechado. Só alguma grande infelicidade mudaria alguma coisa. Eu estou com 25 anos e tenho que fazer um bom primeiro semestre para ter uma chance caso haja uma renovação após o Mundial.

Atualmente, quem é o seu melhor amigo no elenco do Corinthians?
Sou amigo de todo mundo, mas sempre brinco mais com o Elias, o Jorge Henrique, o Morais, o Julio Cesar, o Ronaldo, o Dentinho... Estamos sempre rindo juntos, sempre conversando sobre vários assuntos. É um grupo bastante unido.


  • Aspas O pior momento mesmo foi depois da derrota na final da Copa do Brasil de 2008. Eu fui eleito praticamente o único culpado do time titular, fui afastado"
O Mano sempre te critica quanto necessário e também te elogia quando você vai bem. Qual a importância desse treinador na sua evolução como goleiro?
É grande. Não só dele, mas também do Mauri (preparador de goleiros). Eu agradeço muito aos dois pelo profissional que sou hoje. Eu tive muita raiva do Mano quando ele me afastou, mas depois ele conversou comigo, me explicou e eu entendi os motivos dele. O Mano é bom. Não à toa ele tem a moral que tem e vai para três temporadas no comando do Corinthians, que é pressão atrás de pressão.

Para finalizar, o que você acha que pode acontecer na cidade de São Paulo caso o Corinthians conquiste o inédito título da Libertadores?
Eu imagino muitas coisas, mas um feriado é certeza (risos). Será uma festa que nunca mais vão esquecer. É algo que os torcedores estão esperando há muito tempo. Até quem já morreu vai querer estar vivo para participar
 
Fonte: Globo.com
Marivaldo Lima

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