segunda-feira, 19 de abril de 2010

Goleiro Jefferson vive dia de herói

Roberto chegava ao trabalho com uma camisa do Botafogo quando deu de cara com Jefferson. Levou até um susto. Mas foi rápido. Abriu a mochila e sem perder tempo pegou uma caneta para pedir um autógrafo. Saiu todo satisfeito e comentando com os amigos: "isso que é sorte!". Já Isabela estava na piscina quando viu o goleiro passando. Fez os dez metros mais rápidos de sua vida até chegar em terra firme. Saiu rapidamente a tempo de pedir, ainda ofegante, uma foto com o ídolo. Já Pedro teve mais tranquilidade e paciência. Esperou o camisa 1 por cerca de 20 minutos na saída do restaurante de General Severiano para conseguir uma valiosa assinatura na faixa de campeão que tinha acabado de comprar por R$ 5 na porta do clube. 

Thiago Lavinas/GLOBOESPORTE.COM

Jefferson posa com a faixa de campeão carioca diante de painel com ídolos do Botafogo

Roberto, Isabela e Pedro. Apenas três exemplos que podem representar o sentimento de toda uma imensa torcida. Fãs que tiveram a sorte de encontrar o ídolo. E que ajudaram Jefferson a sentir o gosto de ter um dia de herói.

Na véspera, o goleiro foi um dos destaques da vitória por 2 a 1 do Botafogo sobre o Flamengo na decisão da Taça Rio, que significou o fim de um trauma e a conquista do Campeonato Carioca de 2010. Jefferson não estava nas três derrotas anteriores para o Rubro-negro. Mas acompanhou da Turquia a dor dos alvinegros. Nas ruas, sentia a tensão dos torcedores para o clássico e que não poderia perder o duelo com o "Império do Amor".
- Até lá fora eu sempre acompanhei os jogos do Botafogo. E foram três anos perdendo. Eu saia nos shoppings, nas ruas, e os torcedores me falavam que o time não poderia ser vice de novo este ano. Sabia da responsabilidade. Isso foi muito importante. Agora eles estão sentindo esse gostinho de ser campeão.

O dia de Jefferson foi agitado. Ele acordou cedo, participou de vários programas de televisão e rádio, tirou fotos com os fãs e para jornais do dia seguinte, assinou dezenas de camisas, faixas, cadernos e até um guardanapo. Mas preferiu não aceitar o rótulo de herói por ter defendido o pênalti cobrado por Adriano aos 32 minutos do segundo tempo. 

- Na hora eu me concentrei muito e pensei: "preciso pegar este pênalti. Preciso, preciso, preciso". Até porque o Herrera foi expulso e se levássemos o gol o jogo poderia mudar, o Flamengo viria para cima. O Adriano me deu a bola e eu devolvi para ele: "Toma aí que você entende mais do que eu". Sabia que o Adriano é um ótimo cobrador de pênalti e que o ponto forte dele era no canto esquerdo. Então tentei não me movimentar antes e deu certo. Não me vejo como herói. Me vejo como um vencedor. Herói não só em um jogo. Mas no campeonato todo. Todos os jogadores do grupo são heróis.

Mas como a alegria de goleiro sempre dura pouco, Jefferson já pensa em um duelo nada fácil que vai ter pela frente. No dia 8 de maio, o Botafogo estreia no Campeonato Brasileiro contra o Santos, no estádio João Havelange. Logo contra Robinho, Neymar, Ganso e cia. Os Meninos da Vila que estão encantando todo o Brasil com um futebol alegre, ofensivo e, para completar, na véspera da convocação para a Copa do Mundo.

- Vamos estrear logo contra os Meninos da Vila. Espero que aqui no Engenhão não tenha dancinha, não (risos). Já penso no Santos. Até pela campanha que eles estão fazendo neste ano. Queremos entrar com força máxima no Brasileiro.

Mas até lá, Jefferson só quer curtir. Ficar um tempo com a família, retribuir o carinho dos torcedores. Afinal, ele merece.

Fonte: Globo.com
Marivaldo Lima

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